domingo, 23 de setembro de 2007

Tempo e velocidade

Voltei, só para você não me esquecer.

Pautado por muitos jornalistas mas não tratado em matérias e reportagens, o tema a seguir é quase que o significado de morte no jornalismo, tanto que é ele mesmo quem guia o dead-line, ou horário de fechamento. O tempo é fundamental nessa profissão tão corrida e tão requisitada pela sociedade. O "último dia" de 50 anos atrás virou "último segundo" com a disseminação da Internet. O vazio de informações passou a ser combatido de forma aberta, com manchetes sobre manchetes sendo lançadas pelos jornais e matérias. O único porém disso é a falta de reflexão que isso traz. Estamos criando máquinas que não pensam. Estamos criando esponjas que apenas absorvem e não retrucam. O tempo está sempre contra, empurrando a um fluxo de informações cada vez maior, muito maior do que podemos absorver. Resta a nós desacelerarmos, ou escolher melhor tudo aquilo que queremos; pois temos muito pouco tempo para aquilo que o "ultimo segundo" exige que nós tenhamos.

A seguir, uma pequena crônica sobre o tema.



Míseros segundos...

Tempo, pequena palavra que carrega em si todos os acontecimentos de nossa vida.
Imponente e estrondoso, o Tempo nos aterroriza com sua fúria e vontade de avançar impetuosamente, levando consigo nossa força física. Caridoso, pois, ele deixa para trás toda a sabedoria necessária para lidar com os problemas abandonados em seu caminho.
Em seu passo corrido, esse jovem senhor de barbas brancas cria diversas percepções. Horas podem parecer dias. Minutos podem parecer meses. 1 segundo pode virar uma eternidade. Ao mesmo tempo, minutos podem parecer segundos, dias podem parecer horas e 1 segundo passa a nem existir.
Experimente estar apaixonado. O Tempo não existe quando se está com a pessoa amada, ele passa despercebido, deixado ao leo com suas velhas barbas. Ele fica lá, esperando seu momento para demonstrar sua presença. Basta a presença desejada sair de cena que os ponteiros do relógio passam a andar mais devagar, os batimentos passam a voltar ao seu ritmo habitual e os dias voltam à velha percepção de dia.
Experimente também ganhar um pouco mais de idade. O saudosismo fará você ver como o tempo era rápido e você não aproveitou tudo o que queria. Seus cabelos brancos delatam a sabedoria deixada pelo Tempo e mostrarão o caminho a seguir, de modo mais calmo e fluente, sem toda a correria da juventude. Toda a experiência passa a ser incorporada no dia a dia.
Cronos é um ser indomável. Ao tentar dominá-lo, o ser humano acabou encontrando sua própria ruína. Horas não significam nada mais que divisões grotescas do movimento solar. Meses nada mais são que divisões analógicas de algo proposto por pessoas nada ligadas à natureza. Os dias passam a venerar deuses mortos que sequer existem nos dias de hoje.
O que são as horas a não ser algo criado para nos prender? Porque não trabalhar de forma a respeitar nosso horário biológico, vivendo de maneira harmoniosa?
Ah... Como eram sábios os maias. Descobriram a única forma de domar o Tempo, respeitando as suas condições. A resposta estava na frente de todos e poucos viram. Bastava olhar para o lado, para cima, para baixo, ao Norte e ao Sul. Bastava deixar o vento tocar o rosto, bastava abraçar uma árvore, observar o movimento da Lua e descobrir enfim que a resposta estava na natureza. 13 luas de 28 dias. 28 dias, como o ciclo menstrual da mulher; 28 dias, como o passar pelas fases da lua. 28 dias apenas. Mais do que capazes de nos fazer compreender que nosso calendário atual nos tira de nosso horário biológico.
Enfim; o tempo nada mais é que um velho senhor de barbas brancas que vem; vai; vira e volta, nunca deixando de ser grandioso e potente, controlando nossas vidas e nos arrastando pelo turbilhão criado por sua passagem. Resta a nós nos adaptarmos, passarmos a entender que ele não é nosso inimigo e sim nosso companheiro, para que enfim possamos fazer com que nossas vidas realmente tenham algum sentido, não fazendo com que ela se torne um mero amontoado de...
Míseros Segundos...

2 comentários:

Sérgio Vieira disse...

Pedro
muito bom esse texto velho,
vc utilizou muito bem tudo o q te ensinei para construir a crônica ahahaha

abraços cara

Unknown disse...

Achei a crônica excelente... Se respeitarmos, de fato, o ritmo do universo, seremos mais plenos e mais harmoniosaos...